tag:blogger.com,1999:blog-367107092024-03-07T16:06:00.309-03:00Prêmio Leandro Müller de LiteraturaO prêmio Leandro Müller de Literatura é IMPOSTO todos os anos no dia 14 de novembro.
O objetivo de tal premiação é única e exclusivamente a expressão pessoal do reconhecimento da influência da literatura dos agraciados em meus próprios escritos. Essa premiação não acarreta em nenhum outro benefício senão minha admiração e respeito. E, por ser um prêmio promulgado, no qual os vencedores sequer tomam ciência de serem-no, não há possibilidade de recusa.Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.comBlogger42125tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-21701007064367603962023-11-14T11:56:00.004-03:002023-11-14T11:56:35.240-03:00Homenagem 2023 – Ariano Suassuna<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6TJG5s7cUPHtcEy4bA1GqyvjRssPilH2yJtlznVN9ULOvq0utuSl4pIAaRmFT9NhqtgxVjD_le5Umd8PurEas7vqAoMiaJbjF3pKNjOFbgOiu3BOIRtUEZ2sjXGr6RpESHHLECy6WxjQ5kA5zWGKF-f0ww5nuRBXTzTLeBPMKjgFAe0H9ZiaVJQ/s198/2023%20Homenageado%20Ariano%20Suassuna.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6TJG5s7cUPHtcEy4bA1GqyvjRssPilH2yJtlznVN9ULOvq0utuSl4pIAaRmFT9NhqtgxVjD_le5Umd8PurEas7vqAoMiaJbjF3pKNjOFbgOiu3BOIRtUEZ2sjXGr6RpESHHLECy6WxjQ5kA5zWGKF-f0ww5nuRBXTzTLeBPMKjgFAe0H9ZiaVJQ/s1600/2023%20Homenageado%20Ariano%20Suassuna.jpg" width="170" /></a></div>Aos incautos, as peças de Suassuna podem parecer apenas divertidas,
mas é lendo o autor falando de suas obras que se nota a profundidade das situações, das personagens e das palavras escolhidas.<p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Um erudito dos conceitos, também entendedor das técnicas,
que soube ser sábio de forma simples. Embora vaidoso, não foi arrogante, e
compartilhou com simplicidade seus conhecimentos do mundo. Com leveza e graça! (e que presença! que entrevistas fanstásticas!)<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Por nos indicar a possibilidade de um olhar farsesco para as
agruras da vida, Ariano Suassuna recebe minha homenagem em 2023.<o:p></o:p></p>Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-67968322346714791872023-11-14T11:55:00.003-03:002023-11-14T11:55:51.720-03:00Laureado 2023 – Paulo Henriques Britto <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsvJTHmJkSc3A0jGhHCYHHF0SBNo2YCr9bvBGglQniHzTvEePG0KZKb9O5aRPnduNvrEEjH1OtKt4B0zt5ZCv_XKbMfIKCTeYXFlQFdno-lt2TOacgLlI3QSJ4qg3BFxuodzdA-QeEVSGQ_kqOQ6bQft8OmT09h0oTZiydX35Nk0JzVPdWianpSg/s198/2023%20Laureado%20Paulo%20Henriques%20Britto.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsvJTHmJkSc3A0jGhHCYHHF0SBNo2YCr9bvBGglQniHzTvEePG0KZKb9O5aRPnduNvrEEjH1OtKt4B0zt5ZCv_XKbMfIKCTeYXFlQFdno-lt2TOacgLlI3QSJ4qg3BFxuodzdA-QeEVSGQ_kqOQ6bQft8OmT09h0oTZiydX35Nk0JzVPdWianpSg/s1600/2023%20Laureado%20Paulo%20Henriques%20Britto.jpg" width="170" /></a></div>A tradução literária é para mim um destes livros como A arte
da Guerra ou O Príncipe: pode se aplicar a quase qualquer coisa. Independentemente
de seu tema principal, se lido com o olhar certo, pode facilmente ser aplicável
ao aconselhamento do viver melhor, um guia de saúde ou até mesmo um manual de
negócios.<p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Sua camada primeira, autoexplicável pelo título, versa sobre
a experiência de traduzir literatura. O autor apresenta diversas correntes de
pensamento, mas sem medo de se posicionar e, tão raro hoje em dia, argumentando
loquazmente os porquês de sua posição.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Ao longo do texto outras camadas se depreendem e sua
principal lição é que a tarefa do tradutor “é em última análise, inatingível”,
e mesmo assim, este deve, ciente de sua impotência, dar o melhor de si para
alcançar o impossível. Como nas Utopias de Quintana:</p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p>“Se as coisas são inatingíveis... ora!</p><p class="MsoNormal">Não é motivo para não querê-las...</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Que tristes os caminhos, se não fora<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A presença distante das estrelas!”<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal"><br /></p>
<p class="MsoNormal">Assim, por renovar minha inspiração no almejar o melhor que
posso, Paulo Henriques Britto recebe meus louros nesse ano de 2023.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-82547933107454893812022-11-12T17:20:00.004-03:002022-11-14T13:36:57.297-03:00Homenageado 2022 – José Cândido de Carvalho<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihmlEqR0xkCnZfYGczKgD7r1nym7WK_9vxxEaMyE62CLRAIOg514EjLNjCyNPwI_zBdIJjz_S59xtKfPMNyqoxCTcNvJ0Eqx_BGrDVeXgrgh-DiQcAa4C8z8xNOjAiOiqym5IMiJpRLWlcWI_AeQnzv7ALE4BFKYpiRw9SDiHcUqiEui-uQF0/s198/2022%20Homenageado%20Jos%C3%A9%20C%C3%A2ndido%20de%20Carvalho.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihmlEqR0xkCnZfYGczKgD7r1nym7WK_9vxxEaMyE62CLRAIOg514EjLNjCyNPwI_zBdIJjz_S59xtKfPMNyqoxCTcNvJ0Eqx_BGrDVeXgrgh-DiQcAa4C8z8xNOjAiOiqym5IMiJpRLWlcWI_AeQnzv7ALE4BFKYpiRw9SDiHcUqiEui-uQF0/s1600/2022%20Homenageado%20Jos%C3%A9%20C%C3%A2ndido%20de%20Carvalho.jpg" width="170" /></a></div><p style="margin: 0cm;">Atualmente, poucos são os livros que me pegam pela escrita, pelas construções das frases e colocação das palavras nos lugares precisos. Com frequência, esqueço que histórias podem ser contadas à esmo, sem a preocupação de nos levar a alguma parte. A melhor viagem é a que fazemos no interior de nós mesmos, cujo ponto de chegada é o mesmo que o de partida. </p><p style="margin: 0cm;"><br /></p><p style="margin: 0cm;">Pelos momentos de passeio tranquilo comigo mesmo, José Cândido de Carvalho recebe minha homenagem em 2022.</p><p style="margin: 0cm;"><br /></p><p style="margin: 0cm;">“Então, anos de serenata e farreagem poliram a patente de Ponciano de Azeredo Furtado. Foi ocasião em que montei barba na cara. Em viagem especial cheguei ao Sobradinho para requerer consentimento do meu avô. Refestelado na cadeira de couro, o velho despachou o pedido do neto acompanhado de conselho:</p><p style="margin: 0cm;">— Saiba o capitãozinho que duas coisas de principal um homem deve ter. Barba escorrida e voz grossa.”</p><p style="margin: 0cm;"><br /></p><p style="margin: 0cm;">(Capítulo 2, <i>O coronel e o lobisomem</i>)</p><div><br /></div><p style="margin: 0cm;"><br /></p><p style="margin: 0cm;"><br /></p><p style="margin: 0cm;"><br /></p><p style="margin: 0cm;"><br /></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><br /><p></p>Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-51803447221842584022022-11-12T17:10:00.000-03:002022-11-12T17:10:31.920-03:00Laureado 2022 – John B. Thompson<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5TIbv80FD01zuFyKKjKKnOMGm3V3RqhwZyXVauKDERp4RJXVrk2bZPBXqVotvuH6SHiaUG-bkZdGFV0iAliqsNWOkAFZzU2Mn_1fbRiIpj4FxN-2H6E7nUQhnwXd5ayUVFMFAYU08iUh8I1h5VVuotr95vSXhdBnMYfOi4EBMohEvDE5VFKI/s198/2022%20Laureado%20John%20B.%20Thompson.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5TIbv80FD01zuFyKKjKKnOMGm3V3RqhwZyXVauKDERp4RJXVrk2bZPBXqVotvuH6SHiaUG-bkZdGFV0iAliqsNWOkAFZzU2Mn_1fbRiIpj4FxN-2H6E7nUQhnwXd5ayUVFMFAYU08iUh8I1h5VVuotr95vSXhdBnMYfOi4EBMohEvDE5VFKI/s1600/2022%20Laureado%20John%20B.%20Thompson.jpg" width="170" /></a></div><p class="MsoNormal">Essencialmente, <b>As guerras do livro</b> era a pesquisa que eu desejava ter apresentado como tese de doutorado. Thompson conseguiu fazê-lo de forma muito mais brilhante, liberando-me assim para pensar as batalhas nacionais, mais adequadas ao meu modesto tamanho intelectual – embora ainda demasiado pretencioso.</p><p class="MsoNormal">Por fornecer-me munição para as longas batalhas que ainda preciso enfrentar, John B. Thompson recebe meus louros neste ano de 2022.</p><p></p>Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-69482025527820482402021-11-15T20:52:00.003-03:002022-11-12T16:53:18.879-03:00Homenageada 2021 - Ayn Rand<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcSwMjD-aRH09O2gY6Ki6aPOxg28l_HZtkvY3_rvTS6HaumML83vtU-jIXqOutmg7mFoQNL_vzrj7Zmmztoxum7Jvay3acirWHhN2kNTUX3YFKTGi7BuIoeO4vdLmemX8_gevtVw/s198/2021+Homenageado+Ayn+Rand.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcSwMjD-aRH09O2gY6Ki6aPOxg28l_HZtkvY3_rvTS6HaumML83vtU-jIXqOutmg7mFoQNL_vzrj7Zmmztoxum7Jvay3acirWHhN2kNTUX3YFKTGi7BuIoeO4vdLmemX8_gevtVw/s0/2021+Homenageado+Ayn+Rand.jpg" width="170" /></a></div><p class="MsoNormal">Sempre acreditei que a escrita (e a arte em geral) deveria
ser feita como uma reflexão sobre o mundo, sobre uma questão que pessoalmente
toca o artista, um dilema ambíguo, mas não necessariamente para fornecer uma
resposta. A colocação do problema é o coração da arte. Ainda que esse problema seja
nos entreter.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Escolher a literatura para defender uma ideologia, pode ser
polêmico, e de fato esta autora foi. E não é preciso concordar com ela para
reconhecer que construiu uma impressionante obra. É como um marceneiro que
admira a estrutura de um patíbulo: o enforcamento é bárbaro, mas o mecanismo é
engenhoso.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Por demonstrar que ainda é possível pensar por meio literatura
e defender seus argumentos com uma boa narrativa, Ayn Rand recebe a homenagem do
Prêmio Leandro Müller de Literatura em 2021.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><br /><p></p>Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-42820350600055720582021-11-15T20:09:00.000-03:002021-11-15T20:09:00.571-03:00Laureado 2021 – Cixin Liu<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeYzwqA7eH1GU2m_yKxRGcbC0n62EIDRClGkTVYAlAgFfl0eWnDYPdtatLyGhrnd2XCWXyzfywiEPYMW28aSiGV4EVBevDrebrST-alpJcudsenaioRlHV2muwe0ojNrYHeXKEtQ/s198/2021+Laureado+Cixin+Liu.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeYzwqA7eH1GU2m_yKxRGcbC0n62EIDRClGkTVYAlAgFfl0eWnDYPdtatLyGhrnd2XCWXyzfywiEPYMW28aSiGV4EVBevDrebrST-alpJcudsenaioRlHV2muwe0ojNrYHeXKEtQ/s0/2021+Laureado+Cixin+Liu.jpg" width="170" /></a></div><p class="MsoNormal">Por estes dias, deparei-me com um produto alimentício que trazia
em letras garrafais na embalagem: “baixo valor energético, isento de açúcares,
zero lactose, livre de gordura totais, livre de gorduras saturadas, zero
colesterol, não contém sódio, sem adição de sal”. Imediatamente fui remetido
aos tempos de estudante de filosofia, não podendo deixar de pensar no velho Parmênides
quando dizia: “o ser é, o não ser não é”. Afinal, o que era esse produto
alimentício que se afirmava apenas pelo seu não-ser? O que ele continha, apesar
de se vangloriar principalmente por aquilo que não tinha? E lembrei-me de que,
muitas vezes, quando não sabemos o que algo é, começamos por entendê-lo a
partir do que não é. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O fluxo de pensamentos passou a Sócrates e a sabedoria
atribuída a ele: “conhece-te a ti mesmo”. E algumas coisas começaram a fazer
sentido. Se eu não sei quem sou, por eliminação, posso procurar quem são os
outros, que seguramente não são eu. O caminho é mais íngreme, mas, quando não
se sabe para onde rumar, ao menos é um caminho.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A afirmação de si pela negação do outro é um antigo e
estimado tema dos contadores de histórias. Nós versus os outros. Geralmente
envolvendo dilemas colossais e problemas insolúveis. Ou quase insolúveis, pois há
um velho truque maroto que resolve essa trama: o inimigo em comum.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Quem olha de relance, pode ser levado a crer que a trilogia
do Problema dos 3 Corpos se resolve assim. Porém, o que enxerguei ali foi o nós
versus nós, a humanidade como o maior problema de si mesma, simplesmente pelo
fato de não se reconhecer enquanto um todo, enquanto uma espécie humana. Daí
desdobram-se alegorias sem fim sobre o mundo atual, os nacionalismos e
regionalismos, a polarização extrema de grande parte das sociedades. E só
seremos humanos quando houver não humanos que nos sirvam de cotejo.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Em tempos de polaridade e intolerância, por relembrar que a
humanidade só se reconhecerá como um todo quando conhecer O Outro, Cixim Liu
recebe a máxima láurea do Prêmio Leandro Müller em 2021.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p><br /><p></p>Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-66248686233853246512020-11-15T12:09:00.002-03:002022-11-12T16:52:53.164-03:00Homenageado 2020 - Donald Francis McKenzie<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1kPmG15Mnah0sOOyTHe2SVIxKjm_3J_wfKZX_i1Hl68kJkIN7n9D5tRfoPu6ITSnVwStKSLUxn3zf-YBi7qSyvDJsLwYp4aPYGpYb-AW9nxHOZXfW2xM5vV9zJBhyphenhyphenECZ9b-AoeQ/s198/2020+Homenageado+DF+McKenzie.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1kPmG15Mnah0sOOyTHe2SVIxKjm_3J_wfKZX_i1Hl68kJkIN7n9D5tRfoPu6ITSnVwStKSLUxn3zf-YBi7qSyvDJsLwYp4aPYGpYb-AW9nxHOZXfW2xM5vV9zJBhyphenhyphenECZ9b-AoeQ/s0/2020+Homenageado+DF+McKenzie.jpg" /></a></div><p class="MsoNormal">O prêmio Leandro Müller de Literatura a cada ano reflete
mais a influência de obras em minha vida, tendo laureado frequentemente nos
últimos anos autores que não fazem propriamente ficção. Mas bons livros de
não-ficção podem ser literários e, até mesmo, poéticos. Certos conceitos podem
e devem ser expandidos. Mais do que nunca precisamos de novas estéticas, novos
modos de ver o mundo.</p>
<p class="MsoNormal">Há 20 anos trabalho com mercado editorial, pesquiso e
trabalho com livros, talvez minha maior paixão. O prêmio deste ano vai para um
autor que alargou significamente o conceito sobre “texto”, esse tema tão
central na minha vida, definindo-o assim: “<i>Defino ‘texto’ de modo que inclua
dados verbais, visuais, orais e numéricos, em forma de mapas, impressos e
música, de arquivos de registros de som, de filmes, vídeos de qualquer
informação conservada em computador, tudo, na verdade, da epigrafia às últimas
formas de discografia.</i>” (MCKENZIE, Donald Francis, Bibliografia e
Sociologia dos Textos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2018. p.26)</p>
<p class="MsoNormal">Minha matéria prima favorita é o "texto". Qualquer
seja a forma em que ele se me apresente. Achamos que amamos filmes, música,
livros... quando, na verdade, nós amamos textos... e desde tempos ancestrais,
em que nos eram transmitidos oralmente ao redor de fogueiras.</p>
<p class="MsoNormal">Por ampliar meus horizontes na busca da essência do que é um
texto, Donald Francis McKenzie recebe minha homenagem neste ano de 2020.<o:p></o:p></p><br /><p></p>Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-33025964917957466572020-11-15T12:06:00.001-03:002021-11-13T18:38:41.587-03:00Laureado 2020 – Pierre Bayard<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHtuerMQnPTmFjslHzUHHQYhL4tVdvdQt_MYA0eKb0FnARDfprw_5VanRfOfqQdvgZYqlYIBjsX0ahttzdw0McWYib4YmBd1Nw5NxFqdJhGSOuo3Cq3glLt5L3g6Or0BTWpKFmhg/s198/2020+Laureado+Pierre+Bayard.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHtuerMQnPTmFjslHzUHHQYhL4tVdvdQt_MYA0eKb0FnARDfprw_5VanRfOfqQdvgZYqlYIBjsX0ahttzdw0McWYib4YmBd1Nw5NxFqdJhGSOuo3Cq3glLt5L3g6Or0BTWpKFmhg/s16000/2020+Laureado+Pierre+Bayard.jpg" /></a></div>Fui acompanhado durante anos por um livro chamado "Como
falar dos livros que não lemos". Foi minha grande obsessão em meu período
de livreiro. Ironicamente, sem o ler, não hesitava em recomendá-lo e discorrer
sobre ele. No fundo, era como eu o conhecesse, como se o tivesse lido.<p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Finalmente este ano o li, apesar dos preconceitos óbvios ao
seu entorno, seu aparente ataque à educação letrada, quase uma ofensa a nós
leitores que valorizamos o ato de ler. Fui absolutamente surpreendido com o que
encontrei ali, pois parti do pressuposto que encontraria um almanaque de
truques e atalhos para aparentar sabedoria, quando na verdade, o que está em
xeque é o próprio ato da apreensão do texto. Isso fica evidente nas categorias
de livros não lidos que o autor apresenta:</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"></p><ol style="text-align: left;"><li>Os livros que não conhecemos</li><li>Os livros que folheamos</li><li>Os livros que ouvimos falar</li><li>Os livros que esquecemos (afinal, se você não se lembra
mais de um livro que leu, que relevância terá ele em sua memória?)</li></ol><p></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Considero este um dos livros mais importantes na minha
formação tardia. O ato de leitura e interpretação é complexo e há inúmeras
formas de ler um livro hoje em dia. Não podemos desmerecer outras modalidades
de leitura apenas em detrimento da leitura clássica linear do livro impresso. O
importante é saber como articular os pensamentos que se apresentam nas ideias.
Mais importante do que conhecer muitos idiomas, é saber o que dizer em cada uma
dessas línguas.</p>
<p class="MsoNormal">Evidentemente, uma leitura estruturada, fruto de séculos de
construção, talvez ofereça vantagens ao seu leitor... mas precisamos ter em
mente que não é a única forma.</p>
<p class="MsoNormal">Assim, por me fazer compreender que ler é um exercício
contínuo da manutenção das histórias vivas dentro de nós, Pierre Bayard recebe
os louros do Prêmio Leandro Müller neste ano de 2020.<o:p></o:p></p>Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-7130187268450678992019-12-08T16:12:00.000-03:002019-12-23T19:19:09.044-03:00Homenageado 2019 - Dersö Kosztolányi<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCwEEwjucdg4-AhR2g1_DuiOEmZgO8GnteWU-pIJl2GFCYL2M2TtRDMG3-7ZoU157SNLr-BaMSGnpCJGy0rw16Fu1ZORUjpLNJOeZniEKO7rlfj3gLm5YRHB-MSfGP4AbuxldVWQ/s1600/2019+Homenageado+Ders%25C3%25B6+Kosztol%25C3%25A1nyi.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCwEEwjucdg4-AhR2g1_DuiOEmZgO8GnteWU-pIJl2GFCYL2M2TtRDMG3-7ZoU157SNLr-BaMSGnpCJGy0rw16Fu1ZORUjpLNJOeZniEKO7rlfj3gLm5YRHB-MSfGP4AbuxldVWQ/s1600/2019+Homenageado+Ders%25C3%25B6+Kosztol%25C3%25A1nyi.jpg" /></a></div>
Campos de Carvalho afirmava que a Bulgária não existe. Pois digo que a Hungria também não. O Paulo Rónai tentava desmentir, publicando antologias de contos húngaros (e conseguia colocar nela mais de 30 escritores húngaros).<br />
<br />
Este ano conheci a literatura do Kosztolányi e fiquei amigo de Kornél Esti (como outrora fiquei amigo do Arturo Bandini). Simplesmente impossível acreditar que exista literatura assim. Nem mesmo lendo, pois nada há de mais enganador neste mundo que nossa própria opinião.<br />
<br />
Por me fazer duvidar de mim (como nem Descartes conseguiu), Dersö Kosztolányi recebe minha homenagem neste ano de 2019.Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-40197026568676911562019-12-08T15:46:00.002-03:002019-12-08T15:46:32.007-03:00Laureado 2019 - Não houve vencedor<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBx4Ytr29Wxfih8ZjI14D6WWQBjyG7pcsiGzTg13bcVvBbIWNjdZiPsN1XeDn49i_bJuUQhKHn17Pao-bCHgv_PxFkdlvozHRocHhPWxSsl9D-BcrlACMPoMWNW93RziByIFy6WA/s1600/2019+Laureado+Sem+vencedor.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBx4Ytr29Wxfih8ZjI14D6WWQBjyG7pcsiGzTg13bcVvBbIWNjdZiPsN1XeDn49i_bJuUQhKHn17Pao-bCHgv_PxFkdlvozHRocHhPWxSsl9D-BcrlACMPoMWNW93RziByIFy6WA/s1600/2019+Laureado+Sem+vencedor.jpg" /></a></div>
Pela segunda vez na história do Prêmio Leandro Müller de Literatura, não teremos um escritor laureado. As razões são similares às da primeira vez: o primeiro ano do doutorado.<br />
<br />
Deixo como sermão a mim mesmo, e lembrança de dar ouvido aos bons conselhos, que certa feita meu amado mestre e professor Ivair Coelho me deu: "Não deixe a universidade atrapar seus estudos, rapaz."Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-83917888148544662362018-11-14T22:39:00.001-02:002018-11-14T22:43:11.943-02:00Homenageado 2018 - Robert Musil<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJk-RA8tukX-psRccC7-2sE3swLyPwa4Dl2va9CN_QNRdTk6J8fHYzpKEAR2yYqxZzqbkeCDu287TV5SnOb-YHBw0G7fL1N-iWHSXaYARWEUEkQdTIeN1C342czY8UasVlCbf6QA/s1600/2018+Homenageado+Robert+Musil.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJk-RA8tukX-psRccC7-2sE3swLyPwa4Dl2va9CN_QNRdTk6J8fHYzpKEAR2yYqxZzqbkeCDu287TV5SnOb-YHBw0G7fL1N-iWHSXaYARWEUEkQdTIeN1C342czY8UasVlCbf6QA/s1600/2018+Homenageado+Robert+Musil.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
"Agora, este momento de agora,
é tudo que existe.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Qualquer livro sobre felicidade
dirá para estabelecer metas claras do que quer conquistar e para se esforçar para
conquistá-las. O problema é que isso não funciona.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Você pode se tornar um milionário
aos 40 anos, mas então, perceber que não conseguiu ter um relacionamento feliz.
Ou quando não dá certo, você se sente perdido e se culpa. Quando vivemos pelos
objetivos, esquecemos de viver o agora.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
O filósofo Alan Watts afirmou que,
ao ouvir uma música, não se vai para o fim dela porque é onde tudo se encaixa.
Não se lê o último capítulo de um livro, porque é o clímax. Mas, na vida,
ficamos obcecados pelos fins. Estudar para as provas, entrar naquela
universidade, conseguir aquele emprego, progredir na carreira, para quê? Aos 50
anos, conseguimos um cargo e pensamos: "É isso? Foi para isso que
trabalhei?" <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Assim, esquecemos que a vida
deveria ser mais como uma música. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">E nós
deveríamos dançar!</i>"<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b>Derren Brown: Miracle</b> (2016)
(Netflix, 00'50'' a 02'00'')<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Por nos deixar um livro sem fim, metafórica
e literalmente, e nos lembrar que não são os fins que importam, minha homenagem
em 2018, Robert Musil. <o:p></o:p></div>
<br />Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-45935639914546056962018-11-14T22:37:00.000-02:002018-11-14T22:40:34.965-02:00Laureado 2018 - Yuval Noah Harari<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOJKykV2wFzIUq-kkw9qFCRhXw4NZPJ7TchFvqn8gt0VgMTLdrTNAA4cx3fl42Q4jsBuOpOXCBP9Ho6ShrO8NMusBZOcgpG-TfNlS7YzAS8DE6_ZKvcDSbSBElq4SR0gzldjmNgQ/s1600/2018+Laureado+Yurval+Noah+Harari.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOJKykV2wFzIUq-kkw9qFCRhXw4NZPJ7TchFvqn8gt0VgMTLdrTNAA4cx3fl42Q4jsBuOpOXCBP9Ho6ShrO8NMusBZOcgpG-TfNlS7YzAS8DE6_ZKvcDSbSBElq4SR0gzldjmNgQ/s1600/2018+Laureado+Yurval+Noah+Harari.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Aqui deveria entrar um texto onde
digo porque ou como “Sapiens” e “Homo Deus” me influenciaram este ano. Porém,
ainda não sou capaz de apontar as profundas estruturas do meu ser que se
desestruturaram.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Por ter escrito o livro que desejei
ter escrito. Por ter escrito o livro que sempre desejei que fosse escrito!
Obrigado por me lembrar que, antes de tudo, prefiro ser leitor. Por favor, Yuval, aceite esta humilde láurea no ano de 2018.</div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-72798098588144303962017-11-14T09:41:00.001-02:002017-11-14T09:41:38.960-02:00Homenageado 2017 - Eric Hobsbawm<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigGHwkZWEhciZtHN8tcrOeIsHbS9vbRwMQiplKsoRc8hx-YWFliPb8ZvSbaqawfA7xC-3X7Q2Mv145qgfH_t_mi2pfS6BIWGDSXbkNJ0wg84TuTfvmcZlhVohM5tZeuVc11X6zSQ/s1600/2017+Homenageado+Eric+Hobsbawn.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigGHwkZWEhciZtHN8tcrOeIsHbS9vbRwMQiplKsoRc8hx-YWFliPb8ZvSbaqawfA7xC-3X7Q2Mv145qgfH_t_mi2pfS6BIWGDSXbkNJ0wg84TuTfvmcZlhVohM5tZeuVc11X6zSQ/s1600/2017+Homenageado+Eric+Hobsbawn.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Alguns dizem que são tempos estranhos, mas prefiro crer que são tempos
interessantes. O mais fascinante é que todos os tempos são interessantes,
principalmente se considerarmos os processos históricos que teimam em nos
convencer que as transformações as quais presenciamos podem ser explicadas pelo
passado. Independentemente das críticas à historiografia, é inegável que uma
obra bem construída nos dá a segurança de uma narrativa histórica confortável e
imune às vicissitudes da vida. Fatos nada mais são que impertinências... a
interpretação é que verdadeiramente define o mundo!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Por fornecer um recorte do mundo contemporâneo, que torna a vida mais
tolerável, Eric Hobsbawm recebe minha Homenagem neste 2017.<o:p></o:p></div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-91803201979684106562017-11-14T09:40:00.000-02:002017-11-14T09:40:19.991-02:00Laureado 2017 - Michael Dobbs<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEQqRqbN-rasx5w-5fg9Scw0KLMP0UEpdWS1fmZcsGJMnVW3bw4I-41boFjwfiFsIy4Hu_gjsStIbXc0sFTQ2PGQYTmy173CJADX3MoYIGXvV0Fg339GR1bXWAIzf0pxWAAh4Vxg/s1600/2017+Laureado+Michael+Dobbs.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEQqRqbN-rasx5w-5fg9Scw0KLMP0UEpdWS1fmZcsGJMnVW3bw4I-41boFjwfiFsIy4Hu_gjsStIbXc0sFTQ2PGQYTmy173CJADX3MoYIGXvV0Fg339GR1bXWAIzf0pxWAAh4Vxg/s1600/2017+Laureado+Michael+Dobbs.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Poucos desconhecem, principalmente talvez pelo Kevin Spacey, o fenômeno
chamado <i>House of Cards</i>. Eu também o
conheci assim, no Netflix. Até que alguém me disse: “sabia que a série original
é britânica?”; e não tive outra opção senão procurá-la (é homônima e também
está no Netflix). Mas as surpresas não pararam por aí, e após assistir a
primeira temporada, descobrir tratar-se de um livro — na
verdade três livros — no qual ambas as séries foram baseadas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Não me recordo de ter lido um livro por causa de
uma série ou filme, embora já tenha visto filmes cujo livro tenha lido. Esse
caminho inverso me foi novo, me foi diferente, me causou um bom estranhamento.
E ler a trilogia me levou a rever todas 5 temporadas da série americana e as 3
temporadas da série britânica, fazendo uma analise comparativa delas juntamente
com os 3 livros. Análise profunda de crossmídia! Foi uma grande alegria
encontrar uma narrativa tão forte que pudesse ser explorada de tantas maneiras,
e tão bem executadas em todas elas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
E por ser a fonte original de tamanho potencial
literário, Michael Dobbs recebe em 2017 esta Láurea.<o:p></o:p></div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-29484074593140288092016-11-14T13:07:00.004-02:002016-11-14T13:07:43.888-02:00Homenageado 2016 - Jenaro Prieto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVdY49qNfZn1tuwlJCe6LHlQR1X8GOO2S-iPaU9m6YldqrZ_V2L3pgBpC9BpYgAskrhw81gRVDEV2LF4PKYaP3ibOx3KgUL5T4xT_TCtP5ukPNCjYY7QDEyn0NDaE_ELG-IHlS0g/s1600/2016+Homenageado+Jenaro+Prieto.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVdY49qNfZn1tuwlJCe6LHlQR1X8GOO2S-iPaU9m6YldqrZ_V2L3pgBpC9BpYgAskrhw81gRVDEV2LF4PKYaP3ibOx3KgUL5T4xT_TCtP5ukPNCjYY7QDEyn0NDaE_ELG-IHlS0g/s1600/2016+Homenageado+Jenaro+Prieto.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
Tenho um grande amigo mitômano.
Ao menos é assim que o definiriam aqueles incautos que não percebem como a
realidade pode ser enriquecida com a ficção. É como dizer que trabalho com “tecnologia
de armazenamento e propagação de narrativas” para explicar que faço livros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
Este ano fiz um novo amigo,
desconhecido da maioria aqui no Brasil. Não por estar morto há quase um século,
mas talvez por ser chileno e ainda inédito por aqui. Passamos o réveillon
juntos e, por três dias, trocamos muitas ideias. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
Gostaria muito de revê-lo, mas
como é preciso passar por seu “sócio” para alcançá-lo, isso acaba prejudicando
o processo de reencontro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
Assim ,por me ensinar como a vida
real pode ser amplamente enriquecida com pequenas (ou grandes) alterações na
forma como os acontecimentos são narrados ou percebidos, Jenaro Prieto recebe
minha homenagem em 2016.<o:p></o:p></div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-74770491172771023822016-11-14T13:06:00.003-02:002016-11-14T13:06:56.452-02:00Laureado 2016 - Roger Chartier<div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ3SqAAAWm4uasAn2rcrQRzNoUT2KicAp6DAEpHLDIe20tlFBmYJCHwSj0qGS22BsrvLvsbWB8o-kPSgJFzoHRwKe1kw-KE2SOvPYvOOntZ8avyF5t0TP4i_90XkEhJyKb6SS7Jw/s1600/2016+Laureado+Roger+Chartier.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJ3SqAAAWm4uasAn2rcrQRzNoUT2KicAp6DAEpHLDIe20tlFBmYJCHwSj0qGS22BsrvLvsbWB8o-kPSgJFzoHRwKe1kw-KE2SOvPYvOOntZ8avyF5t0TP4i_90XkEhJyKb6SS7Jw/s1600/2016+Laureado+Roger+Chartier.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
Há um grande ruído geral dizendo
que 2016 foi um ano ruim. Talvez em um cenário maior realmente tenha sido, mas individualmente,
2016 me trouxe enormes alegrias. A construção de uma pós-graduação em Edição e
Gestão Editorial, o novo trabalho como designer na Câmara Municipal do Rio de
Janeiro, a continuidade das aulas no SENAI, ser agraciado em um edital para
desenvolver uma série de TV, múltiplos encontros familiares, fortalecimento de
amizades, a cumplicidade amorosa permanente. E a chance ter lido exaustivamente
grande parte da obra do Roger Chartier, uma das maiores autoridades dos
assuntos que mais estudo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
Em tempos onde o mundo parece ter
enlouquecido, poder isolar-se em uma bolha é quase bênção. Encontrar vozes
lúcidas e pessoas iluminadas é um grande estimulante. Quando meus alunos mais
jovens me questionam sobre toda essa barbárie do mundo (no macrocenário e nas
pequenas desgraças cotidianas) eu costumo responder que o mundo vale a pena por
causa de 6 pessoas que iremos conhecer ao longo da vida (talvez sejam até
mais). Porém, são essas 6 grandes pessoas que nos fazem ter esperança e
suportar todo o resto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal;">
Por ter feito sentido quando, uma
vez mais, tudo parecia desafiar a lógica, Roger Chartier recebe minha Láurea
neste ano de 2016. <o:p></o:p></div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-30720418423537699822015-11-14T18:26:00.002-02:002022-11-12T16:53:34.661-03:00Homenageada 2015 - Mary Shelley<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsiX1kBZG8VnMLU3P5tFb3GCLmd0iJzlDGeE0RGf1cjR4hLQVVJ-aHpdXRwsq-XZcs4RkHgOXo0sn9Z_g-NWk2qc35HJN3_7pmX32lZ8bTr4anJ7RBmBdEm4FdEP664PeMR-hUPg/s1600/2015+Homenageado+Mary+Shelley.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsiX1kBZG8VnMLU3P5tFb3GCLmd0iJzlDGeE0RGf1cjR4hLQVVJ-aHpdXRwsq-XZcs4RkHgOXo0sn9Z_g-NWk2qc35HJN3_7pmX32lZ8bTr4anJ7RBmBdEm4FdEP664PeMR-hUPg/s1600/2015+Homenageado+Mary+Shelley.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: left;">
Existem histórias que nos acompanham há tanto tempo, que sequer nos
preocupamos em saber se de fato elas são reais. O imaginário coletivo muitas
vezes transmite um clássico sem verdadeiramente recorrer à sua essência. Já me
havia ocorrido uma vez, ao ler “O Médico e o monstro”, que na história oral
circula como um telefone sem fio, perdendo seu verdadeiro espírito. Este ano,
novamente fui surpreendido, ao dedicar-me à adorável criatura criada pelo
doutor Frankenstein.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Poderíamos interpretar a lição à moda antiga, de que o homem nasce bom
e o mundo o corrompe (o que já estaria muito além do que o cinema fez com a
obra), acreditando tratar-se de uma obra de terror. Poderíamos ficar apenas com
o que ouvimos dizer sobre esse belo livro. Mas se fizéssemos isso, estaríamos
falando de outra obra, e não de Frankenstein.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
O livro que li é filosofia. É uma tentativa de compreender o homem e o
que o torna mau (semelhante ao feito no já citado “O médico e o monstro”,
escrito mais de meio século depois). Frankenstein é uma grande aula sobre
aprendermos a ser muito além do que todos dizem que somos. Por esta razão, Mary
Shelley, mãe de tão bela criatura, recebe minha homenagem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Em tempo: a criatura gerada por Frankenstein era VEGANA (se alimentava
de frutos caídos e castanhas), sem jamais ter feito mal a nenhuma criatura viva
(obviamente com exceção dos amiguinhos e familiares de seu criador)<o:p></o:p></div>
<br />Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-56670435789492899872015-11-14T18:22:00.002-02:002015-11-14T18:44:54.559-02:00Laureado 2015 - Hans Ulrich Obrist<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiPxoYebSqbIKN6XJ-kIu3KLlz78h9eNPpI5dPt05mdAxBm6Lx2A5XSWs-H6fhyphenhyphenXcgve9GkPRTdhtnVxKbSvTgQ3lhAQiZUcUrblA2A3UKwA41d-4yOCqx-PP0HhvbKiPi68il7w/s1600/2015+Laureado+Obrist.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiPxoYebSqbIKN6XJ-kIu3KLlz78h9eNPpI5dPt05mdAxBm6Lx2A5XSWs-H6fhyphenhyphenXcgve9GkPRTdhtnVxKbSvTgQ3lhAQiZUcUrblA2A3UKwA41d-4yOCqx-PP0HhvbKiPi68il7w/s1600/2015+Laureado+Obrist.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: left;">
2015 foi um ano do tipo muitos em um. Vários anos concentrados em um
só. E uma das características mais marcantes deste ano foi a necessidade de me
dividir em múltiplas funções e atividades. Curiosamente, uma dessas atividades
foi o início de pesquisas sobre “Curadoria”, cujo conceito cada vez mais se
aproxima do processo que implica a realização de qualquer escolha estética. Não
da estética que tem a ver somente com a beleza, como o senso comum pode nos
levar a crer. Um regime estético é, antes de tudo, um modo de ver o mundo. Um
ponto de partida para a interpretação das coisas.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Com este aprendizado recente, minha imaginação me levou a buscar uma
forma de desempenhar miríades de papéis: professor, coordenador, escritor,
revisor, diagramador, concurseiro, editor, pesquisador, aluno... para ser tudo
isso com eficiência eu precisava de uma “curadoria de vida”, para organizar
cada função em seu tempo e espaço preciso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Provavelmente citando alguém, lembro-me de meu pai dizendo: “se tiveres
oito horas para cortar uma árvore, passe sete horas amolando seu machado”.
Interpretei que o importante na execução de uma tarefa era ter as ferramentas
certas e a preparação adequada. Por meio dessa breve alegoria, percebi que,
intuitivamente, servi-me de um precioso instrumento para sobreviver ao
atribulado ano e criar um regime estético de curadoria de vida: Hans Ulrich Obrist.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Assim, pelo precioso auxílio na criação de uma curadoria de vida,
Obrist recebe meus louros em 2015.<o:p></o:p></div>
<br />Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-26460781464061282652014-11-13T16:54:00.004-02:002022-11-12T16:57:02.381-03:00Homenageado 2014 - Albert Camus<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQJUlFjxbOpk3NznXWV1ItiZkg-3SXMR3k0uHjIkbcKpHZqycodDiVfY3UWSi69GAva533Rtktlu1DcI685lOTczc8U_u6t48P9mCjaJtBz2q7ovm3ty1RtQOAUqTkyDIgizjWksYw1GSsQqLqrB4n9fFCe4NkH-JyBxr6cjJEkUnRjMJtP2A/s198/2014%20Camus.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="198" data-original-width="170" height="198" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQJUlFjxbOpk3NznXWV1ItiZkg-3SXMR3k0uHjIkbcKpHZqycodDiVfY3UWSi69GAva533Rtktlu1DcI685lOTczc8U_u6t48P9mCjaJtBz2q7ovm3ty1RtQOAUqTkyDIgizjWksYw1GSsQqLqrB4n9fFCe4NkH-JyBxr6cjJEkUnRjMJtP2A/s1600/2014%20Camus.jpg" width="170" /></a></div><br />Camus deveria ter recebido este prêmio em meados dos anos 2000, após a
leitura de “O estrangeiro”. Contudo, o primeiro Prêmio Leandro Müller de
Literatura foi criado apenas em 2004, e seu tempo havia se passado. Mas os clássicos
não se estabelecem sem razão e, este ano, Camus encontrou espaço na agenda para
novamente ser lido, desta vez, com “A queda”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Há muito o que dizer, mas não quero. Entranhas demais expostas após não
voltar o rosto para verificar o estranho barulho na água, possivelmente da
jovem que se jogou da ponte. Olhar poderia nos dar a sensação de dever de
salvá-la. E a água estava fria.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Camus me mostrou a alma e agora estou atento aos mergulhos de pontes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Pela capacidade de me fazer entender que o outro também somos nós,
Albert Camus recebe minha homenagem em 2014.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<o:p> </o:p> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="color: red;">[L.M.]</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
“O anseio de Deodato era polêmico — parcialmente
aborto e eutanásia —, com agravante de que não teria ninguém ao seu lado
lutando pelo direito de poder arrancar partes do corpo por determinação
própria. Seria uma batalha solitária da qual provavelmente sairia derrotado e,
no íntimo, sabia que nem mesmo as minorias mais combativas apoiariam sua causa.
Por outro lado, mantinha firme a esperança, pois seu desejo não era subtrair a
vida de ninguém, tampouco a própria, nem tencionava passar por cima de leis,
nem afrontar a sociedade: queria simplesmente ter sua vontade respeitada, por
mais estranha que ela parecesse ao mundo. Então pensava nas pessoas e desanimava;
lembrou-se da mãe reprovando que comesse pipoca com sorvete e de uma tia, mais
radical, que desaprovava qualquer mistura entre doces e salgados — nem lhe
ocorrera a intolerância religiosa, racial, sexual, tão difundidas mundo afora.
Sim, a guerra estava perdida e Deodato estava pronto para entregar as armas e
se render, persuadido de não haver salvação possível ao sonho agostiniano do
livre-arbítrio.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
(Leandro Müller, in “<i>Ensaio retórico sobre a
liberdade</i>”)</div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-61564579892671812612014-11-13T16:52:00.008-02:002014-11-13T16:55:09.750-02:00Laureado 2014 - Mário de Carvalho<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Diante a grande variedade de novidades sendo lançadas a todo instante
no mercado, dificilmente leio mais de um livro de um autor contemporâneo,
afinal, há muita gente interessante para se conhecer. Obviamente, a leitura de uma
única obra não representa a síntese de um escritor, mas não deixa de ser uma
forma preguiçosa de nos escusarmos com nós mesmos de que o autor está lido. Enfim,
desculpas que nos damos para seguir em frente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Este ano, inusitadamente, um escritor vivo me arrebatou profundamente,
mexendo com um antigo preconceito (ou trauma) que eu trazia desde José de
Alencar: odeio descrições. “Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto”
mudou isso. De tão empolgado com a forma de escrita, devorei em seguida “Um
Deus passeando pela brisa da tarde”, onde reencontrei outro velho fantasma, com
o qual havia me deparado numa orelha de livro em meus tempos de livreiro: o
termo “duúnviro”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
A riqueza vocabular e narrativa de Mário de Carvalho é realmente
admirável, e suspeito que estes dois livros mencionados ainda são pouco. Este é
um escritor que terei como amigo na cabeceira. Já estou escolhendo o próximo
livro a ler...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
Assim, por ensinar que cada
palavra possui sua singularidade e que mesmo as descrições podem ser excelentes
narrativas, Mário de Carvalho recebe minha Láurea este ano de 2014.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="color: red;">[L.M.]</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
“¿Trabalhar em uma livraria, frequentar diariamente a Biblioteca
Nacional, conhecer pelo prenome a recepcionista do Real Gabinete Português de
Leitura, não seriam indícios de uma desesperada necessidade de acreditar que os
livros fossem capazes de preencher o vazio da existência dentro de mim?
Contudo, afigurava-se o justo revés, pois transbordante em sonhos, eu
contemplava nas histórias a solução dos escritores para dar vazão ao excesso de
alma daqueles que não cabiam em si. Meu pequeno corpo aprisionava minha
imensidão e, em páginas de papel, tencionava evitar a implosão do meu ser, que
naqueles dias tentava se ampliar através de uma pequena anomalia, tal como uma
falange adicional de um novo dedo indicador crescendo entre o polegar e o
indicador já existente em minha mão esquerda.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
(Leandro Müller, in <i>Poemas profundos para náufragos bem sucedidos</i>, Projeto
Rio-Passagens)<o:p></o:p></div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-29261810141345292922013-11-22T14:29:00.000-02:002014-12-19T15:57:09.615-02:00Homenageado 2013 – Dostoiévski<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span style="line-height: 150%;">Embora ainda não concluso, dou por
findo e atesto: definitivamente o ano de 2013 foi ruim (com a licença de Fante,
bem pior do que 1933). Não apenas por eu ter sido acometido por sérios
problemas de saúde, somatizados em uma hérnia de disco, mas principalmente por
ter sucumbido a uma grave enfermidade espiritual, o vício. Não o da roleta, dos
dados, do carteado, daqueles que consomem dinheiro e levam pessoas à ruína,
porém, um vício mais pernicioso, que nos consome o bem supremo e irrecuperável,
que o homem tolamente acredita poder aprisionar nos relógios: desperdicei meu
tempo como se eu pudesse escapar impunemente deste esbanjamento irresponsável.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
A homenagem deste ano é recebida
por empatia. Pelo reconhecimento de outro homem cuja vida foi devorada pelo
vício, e que me ensinou a repetir “amanhã, amanhã tudo estará terminado” ao
invés que experienciar “um dia de cada vez”. Evidentemente, em se tratando de
vício, ele nunca termina amanhã, mas em uma luta constante e diária, como o
alcóolico contando as horas de abstinência ou o drogado que aguarda a chegada
da próxima crise. Obrigado, Dostoiévski, por compartilhar esse sofrimento que acomete
impiedosamente muitos de nós, fracos demais para resistir à tentação do jogo e
a irresistível sina de ser um eterno jogador. <o:p></o:p></div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-72692966605610345222013-11-22T14:27:00.002-02:002013-11-22T14:27:24.944-02:00Laureado 2013 – Não houve vencedor<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Pela primeira vez na história do
Prêmio Leandro Müller de Literatura não houve um autor laureado. Tal incidente
se atribui ao já mencionado ano ruim, que me direcionou às leituras acadêmicas
enfadonhas e me afastou da literatura visceral e realmente importante.<o:p></o:p></div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-10242086928001480142012-11-14T09:21:00.003-02:002022-11-12T16:53:46.031-03:00Homenageada 2012 – Clarice Lispector<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
É preciso muita coragem para homenagear
Clarice, pois dificilmente encontramos alguém a quem sua literatura não toque,
tornando qualquer tentativa de exaltá-la completamente sem sentido. “¿Esse gelo
está frio, né?” “Está.” “Ah, tá.” Mas afinal, é impossível sair ileso da menina que
dispara à professora: “Depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois?”... e nós aqui, desesperadamente tentando ser felizes, imaginando que há uma recompensa no final do arco-íris.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
É por essas e outras que desde 2004
ando flertando com essa moça, que me queimou profundamente com sua “Água Viva”.
Este ano, após atravessar “A via crucis do corpo”, encarar “A bela e a Fera”, enxergar
a “Maça no Escuro”, sentir a “Paixão segundo GH” e me animalizar “Perto do
coração selvagem”, percebi por mim que Clarice é potência. E potência é a
característica de tudo aquilo que pode ser, sendo mais do que simplesmente ser,
a possibilidade de ser. E Clarice é a potência de tudo que pode ser.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Por me ensinar que potência é maior
do que o ser, e que a finalidade é só um capricho dos ingênuos, Clarice recebe,
neste ano de 2012, a homenagem tardia da admiração que sempre tive por ela.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="color: red;">[L.M]</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
“Como se eu já não tivesse
problemas que bastassem, hoje pisei uma imensa água-viva. Sofro demasiado
minhas próprias aflições para que eu descubra tão tardiamente sentir também o
horror de outrem. É em estado de grito que cotejo minha alma à sua, Clarice.
Chegamos, por trilhas separadas e em tempos distantes, ao mesmo estado de
grito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Interrompi minha fala por dois
dias. Passei-os apenas absorvendo você, Clarice. E agora não estou mais em
estado de grito: estou em estado de Água Viva. Eleve-se o infinito
exponencialmente a si mesmo e terás a exata medida do que sinto.” <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
(Leandro Müller, in <i>Pequeno Tratado Hermético sobre Efeitos de
Superfície</i>, p.29-30)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-92220504290542553272012-11-14T09:16:00.000-02:002012-11-14T09:16:33.595-02:00Laureado 2012 – Tiago Santos<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Por sorte minha, a vida não para de
me surpreender. Este ano, o inusitado da premiação fica por conta da láurea de
um autor ainda não publicado. Apesar de sua vasta experiência na escrita
cinematográfica, foi com seu inédito livro de contos “<i>A velocidade dos objectos metálicos</i>” que o escritor e roteirista
português Tiago Santos me arrebatou. Já logo no primeiro parágrafo de seu
“manuscrito” ele desfere seu primeiro golpe: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
“<i>Ele gosta do seu gabinete, da
secretária de madeira imponente e pesada, da forma como as canetas se compõem
no lado direito, junto à fotografia da família; ele próprio, uma mulher bonita
de cabelo preto apanhado num rabo-de-cavalo que não sorri e uma rapariga de sete
anos que mostra demasiado os dentes (falta-lhe um no meio) entre eles.</i>”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
Li o livro com atenção e não parei
de ressaltar passagens extraordinárias. Mas como escrever bem não é o
suficiente para receber este prêmio, preciso ressaltar que sua forma de ver o
mundo embotou a minha e, é por isso que ele merece essa láurea: por ensinar uma
nova ótica para enxergar as coisas cotidianas, Tiago Santos recebe minha láurea
neste ano de 2012.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="color: red;">[L.M.]</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
"¿O incêndio iniciado sob as prateleiras de bebidas, agravado pelo romper
das garrafas de alto teor alcoólico, principalmente conhaques e uísques, muitas
vezes servidos diluídos em água para enganar os clientes, teria sido acidental?
A polícia local, embora não tivesse se manifestado oficialmente, desconsiderava
a hipótese, pois, do contrário, as saídas de emergência da casa não estariam
passadas à corrente pelo lado de fora e as treze vítimas fatais teriam escapado
apenas com leves chamuscos e alguma pouca fumaça nos pulmões.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Soube naquele dia que eram onze mulheres ao todo, nove delas brasileiras,
uma polonesa e uma ucraniana. Do homem morto, ninguém sabia dizer mais do que
seu nome, Mihajlo, e que lhe faltava o olho esquerdo, e que era famoso por
abrir tampinhas de garrafas de cerveja naquela cavidade ocular desfalque e que
era oriundo dos bálcãs, precisamente não se sabe de onde. Também ninguém
conseguiu explicar-me a ligação do meu irmão com aquela tragédia."<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;">
<span style="line-height: 150%;">(Leandro Müller, in
“¿Integridade?”)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<o:p></o:p></div>
Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36710709.post-24783669071908591332011-11-15T17:54:00.003-02:002011-11-23T18:39:16.096-02:00Agradecimentos Especiais 2011O Prêmio Leandro Müller de 2011 não pode deixar de destacar a influência de cinco grandes escritores que tiveram importante participação em minha vida profissional e pessoal ao longo deste ano. Assim,<br /><br />João Tordo,<br />Marta Lança,<br /><div>José Eduardo Agualusa,<br />Ondjaki e<br />Inês Pedrosa,<br /><br />recebam meus sinceros agradecimentos pela valiosíssima contribuição que me prestaram.</div>Leandro Müllerhttp://www.blogger.com/profile/16194713647339912230noreply@blogger.com0