Embora ainda não concluso, dou por
findo e atesto: definitivamente o ano de 2013 foi ruim (com a licença de Fante,
bem pior do que 1933). Não apenas por eu ter sido acometido por sérios
problemas de saúde, somatizados em uma hérnia de disco, mas principalmente por
ter sucumbido a uma grave enfermidade espiritual, o vício. Não o da roleta, dos
dados, do carteado, daqueles que consomem dinheiro e levam pessoas à ruína,
porém, um vício mais pernicioso, que nos consome o bem supremo e irrecuperável,
que o homem tolamente acredita poder aprisionar nos relógios: desperdicei meu
tempo como se eu pudesse escapar impunemente deste esbanjamento irresponsável.
A homenagem deste ano é recebida
por empatia. Pelo reconhecimento de outro homem cuja vida foi devorada pelo
vício, e que me ensinou a repetir “amanhã, amanhã tudo estará terminado” ao
invés que experienciar “um dia de cada vez”. Evidentemente, em se tratando de
vício, ele nunca termina amanhã, mas em uma luta constante e diária, como o
alcóolico contando as horas de abstinência ou o drogado que aguarda a chegada
da próxima crise. Obrigado, Dostoiévski, por compartilhar esse sofrimento que acomete
impiedosamente muitos de nós, fracos demais para resistir à tentação do jogo e
a irresistível sina de ser um eterno jogador.