Existem histórias que nos acompanham há tanto tempo, que sequer nos
preocupamos em saber se de fato elas são reais. O imaginário coletivo muitas
vezes transmite um clássico sem verdadeiramente recorrer à sua essência. Já me
havia ocorrido uma vez, ao ler “O Médico e o monstro”, que na história oral
circula como um telefone sem fio, perdendo seu verdadeiro espírito. Este ano,
novamente fui surpreendido, ao dedicar-me à adorável criatura criada pelo
doutor Frankenstein.
Poderíamos interpretar a lição à moda antiga, de que o homem nasce bom
e o mundo o corrompe (o que já estaria muito além do que o cinema fez com a
obra), acreditando tratar-se de uma obra de terror. Poderíamos ficar apenas com
o que ouvimos dizer sobre esse belo livro. Mas se fizéssemos isso, estaríamos
falando de outra obra, e não de Frankenstein.
O livro que li é filosofia. É uma tentativa de compreender o homem e o
que o torna mau (semelhante ao feito no já citado “O médico e o monstro”,
escrito mais de meio século depois). Frankenstein é uma grande aula sobre
aprendermos a ser muito além do que todos dizem que somos. Por esta razão, Mary
Shelley, mãe de tão bela criatura, recebe minha homenagem.
Em tempo: a criatura gerada por Frankenstein era VEGANA (se alimentava
de frutos caídos e castanhas), sem jamais ter feito mal a nenhuma criatura viva
(obviamente com exceção dos amiguinhos e familiares de seu criador)
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