sexta-feira, novembro 22, 2013

Homenageado 2013 – Dostoiévski

Embora ainda não concluso, dou por findo e atesto: definitivamente o ano de 2013 foi ruim (com a licença de Fante, bem pior do que 1933). Não apenas por eu ter sido acometido por sérios problemas de saúde, somatizados em uma hérnia de disco, mas principalmente por ter sucumbido a uma grave enfermidade espiritual, o vício. Não o da roleta, dos dados, do carteado, daqueles que consomem dinheiro e levam pessoas à ruína, porém, um vício mais pernicioso, que nos consome o bem supremo e irrecuperável, que o homem tolamente acredita poder aprisionar nos relógios: desperdicei meu tempo como se eu pudesse escapar impunemente deste esbanjamento irresponsável.


A homenagem deste ano é recebida por empatia. Pelo reconhecimento de outro homem cuja vida foi devorada pelo vício, e que me ensinou a repetir “amanhã, amanhã tudo estará terminado” ao invés que experienciar “um dia de cada vez”. Evidentemente, em se tratando de vício, ele nunca termina amanhã, mas em uma luta constante e diária, como o alcóolico contando as horas de abstinência ou o drogado que aguarda a chegada da próxima crise. Obrigado, Dostoiévski, por compartilhar esse sofrimento que acomete impiedosamente muitos de nós, fracos demais para resistir à tentação do jogo e a irresistível sina de ser um eterno jogador. 

Laureado 2013 – Não houve vencedor

Pela primeira vez na história do Prêmio Leandro Müller de Literatura não houve um autor laureado. Tal incidente se atribui ao já mencionado ano ruim, que me direcionou às leituras acadêmicas enfadonhas e me afastou da literatura visceral e realmente importante.