terça-feira, novembro 14, 2023

Laureado 2023 – Paulo Henriques Britto

 

A tradução literária é para mim um destes livros como A arte da Guerra ou O Príncipe: pode se aplicar a quase qualquer coisa. Independentemente de seu tema principal, se lido com o olhar certo, pode facilmente ser aplicável ao aconselhamento do viver melhor, um guia de saúde ou até mesmo um manual de negócios.

Sua camada primeira, autoexplicável pelo título, versa sobre a experiência de traduzir literatura. O autor apresenta diversas correntes de pensamento, mas sem medo de se posicionar e, tão raro hoje em dia, argumentando loquazmente os porquês de sua posição.

Ao longo do texto outras camadas se depreendem e sua principal lição é que a tarefa do tradutor “é em última análise, inatingível”, e mesmo assim, este deve, ciente de sua impotência, dar o melhor de si para alcançar o impossível. Como nas Utopias de Quintana:


 “Se as coisas são inatingíveis... ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

A presença distante das estrelas!”


Assim, por renovar minha inspiração no almejar o melhor que posso, Paulo Henriques Britto recebe meus louros nesse ano de 2023.

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