terça-feira, novembro 15, 2011

Laureado 2011 - Leonardo Gandolfi


Talvez uma das polêmicas mais presentes e interessantes nos debates que tenho sobre criatividade com amigos artistas, cientistas, filósofos e todos aqueles que lidam com a necessidade de criar algo seja a (im)possibilidade do surgimento do novo.
Na verdade, todo mundo gosta de se manifestar sobre esse assunto: alguns acham que tudo já foi criado e nada de novo pode surgir, tudo surge inspirado em alguma coisa que já existe; por sua vez, outros crêem que, para citar Belchior, “o novo sempre vem”. Confesso que durante muito tempo fiquei em cima do muro, pois os argumentos das duas partes eram bastante fortes, porém, este ano minha inclinação pendeu para estes últimos, graças a um passe de mágica realizado por Leonardo Gandolfi. Este truque que jamais eu havia presenciado de tão perto chama-se “A morte de Tony Bennett”, um livro de poemas tão inusitado que me obrigou a iniciar a busca pelo meu “novo” particular, a maior graça que pode ser dada a um artista.
Assim, por me demonstrar com um exemplo que o novo pode surgir, Leonardo Gandolfi, recebe minha láurea neste ano de 2011.

[L.M.]

“Noutro dia de agosto
Daqueles que todos anos têm
À Greg, houve um bem diferente
Que não houve à mais ninguém.

Horas altas de lua clara
Cujo halo, aos beijos, nitidez,
Se roupas levavam postas,
Os sentimentos em completa nudez.

Todo amor de Greg
Transbordou-lhe do peito ao sangue misturado
Pelo preciso buraco do tiro
Quando ainda fitos os olhos na amada ao lado.

Atroz de igual forma
O destino da companheira
Escorria-lhe da mesma paixão
Por outro furo de bala certeira.”

(Leandro Müller, in “Lírica de amor malfadado”)

Um comentário:

Geist disse...

God save Leonardo!